sexta-feira, 7 de junho de 2013

A Teoria do Desespero.

Categorizar o desespero é um desafio inglório. Na verdade, o desespero é uma válvula de escape do medo. Medo do desconhecido que, na realidade, é o único medo legítimo. Explico. Medo do escuro, fotofobia, crise de pânico, claustrofobia, e tantas outras fobias mais esquisitas, são desequilíbrios do balanço bioquímico e, por tal, podem se tratados com os respectivos antídotos... também químicos, por certo.

Já o desespero puro é intratável, pois o descontrole não é gerado por um distúrbio do meio e, sim, de uma paúra interna, de uma modificação do estado emocional em face do “que será”?

O “que será?”, na verdade, é um antagônico do dever-ser, vale dizer: um desvio daquilo que o assim chamado bonus paterfamilae prevê como reação a uma ação inesperada (nesse ponto, recomendo a leitura do tópico em que tratei da relação de Newton com Sun Tsu, tempos atrás).

O desespero, assim, é o afloramento do sentimento mais íntimo não testado. É o sofrimento diante da primeira vez e um apego à esperança de que as outras vezes sejam semelhantes. Mas nunca as são.

O desespero deve ser combatido com todas as forças. Seu afloramento revela fraquezas que, até então, eram desconhecidas do meio. Essas fraquezas, as mais das vezes, provocam reações negativas. Até o dó e a piedade são carregados de elementos negativos de solidarização falsa.

Em resumo, um dos grandes desafios do racional é conter do desespero. É, praticamente, repetir como um mantra, a frase que ficou eternizada em inúmeros filmes de guerra americanos: put your shit together.

Em outras palavras, o nosso consciente deve ter noção do momento exato de acionar o gatilho anestésico para neutralizar o afloramento do estado  desesperado (que é uma revelação externa do subconsciente). O controle do momento exato de acionar esse gatilho é praticamente impossível. Adiantar-se =e chamar para si a condição de insensato e, postergá-lo... bem... se o momento já tiver passado, a transformação e a decepção são  inexoráveis e indeléveis. Aquele momento será registrado fotograficamente e constará indefinidamente da existência futura.

Empreguei o termo “praticamente” de forma proposital. Do ponto de vista teórico, estabelecer limites de força de mania e de depressão é possível. No cotidiano, no entanto, a surpresa e a conspiração do acaso derrubam qualquer constante dessa equação.


Enfim, qual o resultado da análise? É que o desespero, mesmo que esperado e conhecido, é incontrolável. A questão é como reagir após; como eliminar as más impressões e, para tanto, existem diversas maneiras, podendo-se destacar, em ordem decrescente de ocorrência: a dissimulação, a tergiversação, a omissão e a busca da inimputabilidade.

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