segunda-feira, 21 de abril de 2014

Final+idade


Bem, há um bom tempo não escrevo. Há diversas razões para tal, as quais não vêm a talho. Contudo, havia algo latente em meus pensamentos - e sempre há - que acontecimentos recentes fizeram-no vir a lume. Senão, vejamos.

O tema tem a ver com a noção  de finalidade dos elementos presentes e comumente perceptivos que, para melhor organizar o imbroglio que se avizinha, rebatizo de vetores.

Em realidade, o termo vetor está emprestado da Física e, melhor adaptando a este protótipo de ensaio, há que ser dividido entre vetores estáticos e vetores dinâmicos. Espero que isso faça algum sentido mais adiante.

Enfim, vejamos se consigo desenvolver e desenrolar esse novelo de percepções-vetores. Comecemos pelo que parece mais simples: os estáticos.

Antes disso, voltando à noção de finalidade, a meu sentir, a finalidade de uma percepção, ou vetor, é de não ser o seu antônimo. Desta feita, dando um exemplo bem caricato, novamente emprestado da Física, pode-se dizer que a finalidade do branco é não ser preto. Subindo um pouco de nível: a presença de todas as sortes de luz, que resulta no branco, tem por finalidade não ser a total ausência delas, que resulta no preto e vice-versa. Agora, deixemos as luzes de lado e teremos que a finalidade de presença é, simplesmente não ser ausência, sendo, o contrário, por derivação lógica, também verdadeiro (que, por sua vez, tem a finalidade de não ser falso).

No caso, branco e preto, presença e ausência, verdadeiro e falso, são o que eu ouso designar de vetores estáticos. Quero dizer, se não for exercida alguma força ou estímulo, o branco continuará perpetuamente branco, sempre tendo como finalidade não ser preto, e assim, respectivamente, por diante. Assim como o longe está para o perto, o bonito está para o feio, o aberto está para o fechado, et caterva.

Pois bem, sigamos para o vetor dinâmico, ou seja, as percepções que são sujeitas a naturais forças modificadoras, extrínsecas e/ou intrísecas.  E é aqui que reside a principal complicação. O ser humano tem a natural propensão de estabslecer dois pontos extremos para vetores dinâmicos.

Por exemplo: é muito comum dizer: todo começo tem um fim. Bem, à primeira vista, pareceria que a percepção de começo seria um vetor dinâmico e, a de fim, estático, ou seja, pronto, depois do fim não tem mais nada, o vácuo, o limbo, a antimatèria ou o que o valha.

Oras!  Se o fim fosse estático, nenhuma percepção seria possível, lembrando que o termo finalidade deriva, não por acaso, justamente, de fim. Desta feita, sem um vetor é dinâmico (como o é o começo) ele só pode ser percebido com tal, ser permanecer perpetuamente dinâmico. Se não o nada, o nihil, o limbo, reinariam (e isso não é possível, porque, só para dar um exemplo matreiro, eu estou aqui escrevendo e você esta aí lendo - isso mesmo! Vivemos na terra do gerúndio!). Ops! E, então, meu caro, como è que fica a história do antônimo? Explico, ou, pelo menos, tento.

Temos que transformar o antônimo pseudo-estático em dinâmico e, para tanto, para não ficar bricando de gerúndio (que redundaria num chatíssimo começando, terminando, etc.), temos que, por mais forçoso e estranho que seja, renominar o tal antônimo pseudo-estático. Mas, de quê?

Bem, vou tentar ser claro: todo vetor dinâmico, para os fins deste ensaio, forçosamente, é cíclico, ou seja, tem si próprio por finalidade e essa história de por um fim a todo começo é um recurso ilógico e impossível que a mente humana se auto impõe com o único objetivo de fugir do inevitável - e, normalmente, doloroso - conjunto de ciclos que é a e explicação de tudo existir (ou continuar existindo, caso prefiram).

Trocando em miúdos: todo começo tem como finalidade o próprio começo. Pode ser o mesmo começo, no caso, um recomeço ou, se assim não seja, um outro começo. E o tal termo fim somente pode ser entendido como fuga mental, até natural, para negar o moto contínuo, o infinito.

Este é o fim deste texto, o que nada mais è que um começo ou recomeço.

Que recomeço ou recomeço? Ótima pergunta. Não a vou responder, de propósito.

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