sexta-feira, 16 de março de 2012

É isso...


Este é um texto que escrevo para mim mesmo. Talvez seja mais simples colocar por escrito, é uma tentativa; e, embora eu não acredite efetivamente nisto, assim, as palavras deixariam de ressoar incessante, contínua e perturbadoramente na minha cabeça. Obviamente, corro o risco do texto ser lido e, aí, estarei exposto, com minhas mais íntimas confissões escancaradas. Talvez seja bom, principalmente seu eu não estiver mais.

A boa técnica manda sempre começar do princípio; mas, nesta hora, de fato, estou pouco importando para a boa técnica. Na verdade, talvez por eu me preocupar demais com padrões, é que cheguei a esse momento. Então, vou começar pela conclusão: eu preciso de ajuda. Ótimo, simples falar (no caso, escrever). Muitos poderiam dizer: “parabéns, admitir é o primeiro passo”. A minha resposta, imediata e emblemática, seria: “não estou disposto a dar o segundo, senão o último”. Muito agradecido.

Eu sou culpado.

Por acreditar no inacreditável: que a mudança é um processo. Não é. Porque processo é cadeia de procedimentos. Porque processos, mesmos os mais íntimos, são concatenações de ações, reações e consequências. E a mudança (qualquer uma delas) não contempla nenhum desses elementos. Talvez meu conceito de mudança seja diferente do costumeiro. Para mim, mudança, no sentido puro, não engloba evolução e involução que, sim, são processos. Para mim, mudança, no sentido puro, está muito mais perto do que se chama por aí de milagre. Para tentar simplificar em poucas palavras o que poderia me tomar tomos, meu conceito de mudança seria algo como: conspiração de fatos que provoca uma transformação significativa na vida de alguém, necessariamente sem que esse alguém tenha contribuído para a ocorrência desses fatos.

Mas, divagações filosóficas de último momento vão me afastar do foco principal. Volto a ele.

Eu culpo.

Culpo a pessoa, que era para ser a pessoa mais próxima de mim, por ter me privado de informação. Vital. Não importam os pretextos. São pretextos. Somente servem para quem os inventa e dá. Informação que me privou do direito de me preparar para uma mudança. Drástica. Que viria a moldar o resto da minha existência.

Quando eu trouxe vida de volta, a índole dessa pessoa vestiu-se de uma nova máscara, que durou pouco – justamente por ser u'a máscara. Logo ela retomou sua índole, com a qual não se nasce, como se diz por aí. Mas, morre-se. Eu morri naquele momento, somente não sabia.

Todo o esforço que empreendi, bem como o que foi empreendido por mim (pelo menos assim acham aqueles que o empreenderam) não serve de nada, senão paliativo, retardador de um cronômetro em contagem decrescente. O que se seguiu dali, foi um conjunto de atos, alguns deles conscientes, de auto-teste do limite do insuportável. Eu ainda não sei o que é, de fato, insuportável. Nem estou disposto a saber, mais.

Eu sou culpado.

Por não ter lutado contra o idealismo. O idealismo é ligado ao formal, enquanto o pragmatismo é ligado ao real. Se eu tivesse me dado conta do quanto o real é mais importante que o ideal, eventualmente, teria tomado decisões diferentes. Já não as tomei; nem estou disposto a tomá-las, mais. Que o real permaneça reinando e que seus convíveres comportem-se como obedientes súditos. Eu não. Preferia, se pudesse, ainda viver no campo dos ideais, dos formais

Na minha, talvez naïve, formalidade, certas coisas não existiriam. Dois exemplos: as mentiras, somente as essenciais, seriam sinceras; os sentimentos resultariam, somente, em enxurradas bioquímicas e não, sem exceção, em cifras.

Vou assistir a um filme; não que eu queira chegar a ver o final...

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